sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cuidados com as orelhas dos nossos pets.

Bastante vulneráveis nos cães e gatos, as orelhas podem lhes causar sérios incômodos. Saiba como mantê-las saudáveis.
Por Wilson Grassi.
Por se tratar de local quente, abafado e úmido, as orelhas são uma área crítica dos nossos animais de estimação. Nelas há a tendência de se formar um ambiente propício para a instalação de colônias de fungos, ácaros e bactérias.

Sinais:
Quando saudáveis, as orelhas apresentam aspecto de limpeza. Geralmente têm cor rosada e textura lisa, e não produzem odor. Se o conduto auditivo, entretanto, estiver com aspecto grosseiro, cheio de descamação, cera, secreções ou sujeira, e se dele sair um cheiro forte, é sinal de que algo está errado. A causa pode ser infecção, inflamação, alergia ou até mesmo sarna otodécica.
Vamos ver se você sabe: qual é a raça que, de longe, aparece com mais problemas nas orelhas, nas clínicas? Acertou quem respondeu Cocker. Suas orelhas longas e peludas, que tapam os ouvidos e que ficam molhadas por entrarem na água quando ele vai beber, contribuem para a incidência. Além, também, da tendência genética a seborréia (caspa). São todos fatores que, juntos, proporcionam a situação preferida pelos micro-organismos para viverem bem, o que aumenta o risco. Mas mesmo os cães com orelhas eretas e pelo curto estão sujeitos a contrair otite.
A maioria dos cães e gatos avisa que a orelha não está legal coçando-a com as patas, chacoalhando a cabeça, andando com a cabeça inclinada para o lado e, até mesmo, chorando ou uivando, no caso dos cães. Assim que você perceber sinais como esses, procure socorrer o animal.
Cheiro forte em cães é uma fonte muito comum de reclamações por parte dos clientes da minha clínica. Muita gente diz que, o mal banho acaba de ser dado no animal, o cheiro volta. Muitas vezes, esse odor tem origem justamente nos ouvidos.
Não tratar o problema de ouvido resulta em muito incômodo para quem o sofre. Judia mesmo. Já vi diversos casos em que o ouvido ficou ruim a ponto de entrarem moscas nele, ovos serem postos lá dentro e se transformarem em larvas.
Riscos.
A infecção do conduto auditivo, quando não tratada, pode levar a um aborrecimento chamado Oto-hematoma. De tanto o cachorro chacoalhar a cabeça – e o melhor amigo dele não se mobilizar para levá-lo ao veterinário – um vaso de sangue se rompe dentro da cartilagem auricular e a orelha se transforma em uma bolsa de sangue. Aí só com cirurgia se consegue reverter o problema. Não deixe, portanto a situação chegar a esse ponto.
Prevenção.
Como devo fazer, então, para prevenir as doenças de ouvido? O primeiro cuidado é a higiene, feita com um “cotonete” umedecido em álcool ou gel específico de limpeza passado periodicamente e com delicadeza. Espera-se que saia um pouco de sujeira. Quando digo periodicamente, pode ser a cada 10 ou 15 dias, ou sempre que for dado banho. Em animais com tendência ao problema redobre a atenção.
Ao banhar seu amigo, não se esqueça de colocar um chumaço de algodão dentro do ouvido dele, para não entrar água no conduto auditivo. E, depois de terminado o banho, lembre-se de retirar o algodão!
Tenha sempre em mente, portanto, a importância de manter a higiene das orelhas do seu animal e crie o hábito de levá-lo periodicamente para um exame geral.
Tratamento.
Ao surgir sinal de que há algo de estranho, torna-se necessário que o animal passe por uma consulta feita com o médico-veterinário. Dica: Uma vez iniciado o tratamento, vá até o fim, conforme o prescrito. É muito comum escrevermos na receita “aplicar o produto durante trinta dias” e, após o quinto dia ao desaparecerem os sintomas, o tratamento ser suspenso. O problema aí é a possibilidade de a otite voltar mais forte ou resistente ao medicamento.
Outra dica, que ajuda a controlar as recidivas nos casos de orelhas peludas, é manter sempre os pêlos da região tosados, colaborando assim para o problema não se tornar crônico.

Wilson Grassi é diretor de bem-estar animal da Associação dos clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo (Anclivepa – SP), membro da Sociedade Vegetariana Brasileira, autor dos livros “Seja Vegano” (2008) e “Como cuidar de seu cão ou gato de forma responsável” (2009). Formou-se pela Universidade Paulista, em 1994. Escreveu mais de 50 artigos sobre proteção animal e é colunista de diversas publicações. Site: www.wilsonveterinário.com.br, e e-mail: wwgrassi@yahoo.com.br .

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